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terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Raio-X com fita adesiva

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Em uma impressionante demonstração de física ajudada por material comum de escritório, pesquisadores da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, Estados Unidos, demonstraram que é possível produzir raio-X ao desenrolar fitas adesivas.

O próximo passo: fusão nuclear. “É algo que pretendemos fazer”, disse Seth Putterman, professor de física na universidade. “E acho que vai funcionar”. Mas para começar eles escolheram o raio-X.

Na edição mais recente da revista Nature, Putterman e sua equipe reportam em artigo que feixes surpreendentemente fortes de elétrons foram gerados quando a fita adesiva foi desenrolada, e quando seu adesivo gosmento se liberou da superfície da fita. As correntes elétricas, por sua vez, geraram picos intensos mas curtos de raios-X ¿ cada surto registrado durou cerca de um bilionésimo de segundo e continha cerca de 300 mil fótons de raios-X.

“É como se fosse uma espécie de efeito relâmpago em escala microscópica”, disse Putterman. Os cientistas chegaram até a demonstrar que os raios-X tinham brilho suficiente para permitir a obtenção de imagem em raio-X de um dedo. Isso não significa que os suportes de fita adesiva encontrados em escritórios agora possam ser usadas como máquinas de raio-X portáteis.

O fenômeno só foi observado quando a fita é descolada do rolo em um ambiente de vácuo. Alguma coisa existente no ar, possivelmente sua umidade, causa curto-circuito aos raios-X. e evita a reação em condições atmosféricas.

Não se trata de um trabalho sem precedentes. Em 1939, cientistas demonstraram que descolar a fita do rolo emitia luz, uma experiência que qualquer pessoa pode reproduzir dentro de um armário escuro. Mas os fótons da luz visível tem cerca de 10 mil vezes menos energia que os de um fóton de raio-X.

Cientistas russos reportaram em 1953 que haviam detectado, em um rolo de fita adesiva, a presença de elétrons com energia suficiente para emitir raios-X. “Mas, até onde posso dizer, ninguém acreditou neles”, disse Putterman. “Foi uma grande surpresa descobrir esse canto obscuro e esquecido das pesquisas do passado”.

Todas as experiências foram realizadas com a fita adesiva Scotch, produzida pela 3M. Os detalhes daquilo que está acontecendo em escala molecular não são conhecidos, disseram os cientistas, em parte porque os detalhes sobre a composição do adesivo usado na fita Scotch continuam a ser um segredo comercial.

Outras marcas de fitas adesivas transparentes também produzem raios-X, mas com espectro de energias diferente. Já fitas opacas não produzem raios-X. E esparadrapos não foram testados, segundo Putterman. A pesquisa abre a possibilidade de estudar emissões de raios-X de materiais compostos, em situações de fadiga. Esses materiais, cada vez mais usados em aviões e automóveis, não demonstram as falhas visíveis nos metais, antes de quebrar.

O fenômeno da fita também pode resultar em aparelhos médicos simples capazes de destruir tumores usando feixes de elétrons. Os cientistas pretendem patentear essas idéias. Por fim, existe a possibilidade de fusão nuclear. Caso a energia do adesivo descolado possa ser dirigida dos elétrons para íons de hidrogênio pesado implantados em uma fita modificada, eles se acelerariam a ponto de poderem se fundir, quando colidissem, gerando energia ¿o mesmo processo que ilumina o sol.

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