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terça-feira, 19 de agosto de 2008

Aprendendo a pensar

Grande parte dos estudantes e jovens atuais não gosta muito de ler.

- "Texto muito grande..." - É o que dizem.

Galera, ler é tudo de bom.

Desenvolve o raciocínio, a retórica e nos proporciona viagens por lugares desconhecidos e belos.

Não digo ler qualquer porcaria da net, mas sim, bons livros de bons escritores tipo: Machado de Assis, Aluisio Azevedo, Jorge Amado, Carlos Drummond de Andrade, etc.

Só pra ilustrar o dito vejam a história que Sir Ernest Rutherford, presidente da Sociedade Real Britânica e Prêmio Nobel de Química em 1908, contava:

Faz algum tempo, recebi um telefonema de um amigo que estava a ponto de dar um zero a um estudante pela resposta que tinha dado num problema de física, pese que este afirmava com rotundidade que sua resposta era absolutamente acertada. Professores e estudantes lembraram pedir a opinião de alguém imparcial e fui eleito.

Li a pergunta do exame que dizia: "Demonstre como é possível determinar a altura de um edifício com a ajuda de um barômetro".

O estudante tinha respondido:
- "Leve o barômetro ao terraço do edifício e amarra-lhe uma corda muito longa. Solte-o até a base do edifício, marque e meça. O tamanho da corda será o do edifício".

Realmente, o estudante tinha proposto um sério problema com a resolução do exercício, porque tinha respondido à pergunta correta e completamente.

Por outro lado, se se lhe concedia a máxima pontuação, poderia alterar a média de seu ano de estudos, obter uma nota mas alta e assim certificar seu alto nível em física; mas a resposta não confirmava que o estudante tivesse esse nível.

Sugeri que se desse ao aluno outra oportunidade. Concedi-lhe seis minutos para que me respondesse a mesma pergunta mas esta vez com a advertência de que na resposta devia demonstrar seus conhecimentos de física.

Tinham passado cinco minutos e o estudante não tinha escrito nada. Perguntei-lhe se desejava espairecer, mas me contestou dizendo que teria muitas respostas ao problema. Sua dificuldade era escolher a melhor de todas. Desculpei-me por interromper-lhe e pedi que continuasse.

No minuto que restava escreveu a seguinte resposta:

- "Pegue o barômetro e lança-o ao solo do o terraço do edifício, calcule o tempo da queda com um cronômetro. Depois aplique a formula da altura = (0,5*h*T²). Assim obtemos a altura do edifício.”

Neste ponto perguntei a meu amigo se o estudante podia retirar-se. Deu-lhe a nota mas alta.

Logo depois, reencontrei-me com o estudante e pedi que me contasse suas outras respostas à pergunta.

- “Bom...”- respondeu -”...há muitas maneiras. Por exemplo, pegue o barômetro num dia ensolarado e meça a altura do barômetro e a longitude de sua sombra. Se medimos a seguir a longitude da sombra do edifício e aplicamos uma simples proporção, obteremos também a altura do edifício.”

Perfeito, disse-lhe, e de outra maneira? E ele prontamente:

- “Este é um procedimento muito básico para medir a altura de um prédio, mas também serve. Neste método, pegue o barômetro e fique posicionado nas escadas do edifício no térreo. Então vá subindo as escadas enquanto marca a altura do barômetro e conte o número de marcas até o terraço. Multiplique, ao final, a altura do barômetro pelo numero de marcas e terá a altura. Este é um método muito simples e direto.”

E continuando :

- “No entanto, se o que quer é um procedimento mas sofisticado, pode amarrar o barômetro a uma corda e movê-lo como se fosse um pêndulo. Se calculamos que quando o barômetro esta à altura do terraço a gravidade é zero e se temos em conta a medida da aceleração da gravidade ao descer o barômetro em trajetória circular ao passar pela perpendicular do edifício, da diferença destes valores, e aplicando uma singela formula trigonométrica, poderíamos calcular, sem dúvida, a altura do edifício. Mas enfim ... existem muitas outras. Provavelmente, a melhor seja pegar o barômetro e bater na porta do apartamento do zelador e quando ele abrir dizer: Oh Severino, tenho aqui este barômetro muito legal e bonito. Se você me dizer a altura exata do prédio, dou-lhe de presente.

Neste momento da conversa, perguntei-lhe se não conhecia a resposta convencional do problema (a diferença de pressão marcada pelo barômetro em doi lugares diferentes nos permite saber a diferença de altura entre estes mesmos dois pontos).

- “Evidente que sim, mas durante meus estudos, os professores sempre tentaram me insinar a pensar.

O estudante se chamava Niëls Bohr, premio Nobel de física em 1922, mas conhecido por ser o primeiro a propor o modelo do átomo como conhecemos hoje em dia, com prótons, neutrons e elétrons nas camadas. Foi fuldamentalmente um inovador da teoria quântica.

Á margem do divertido e curioso personagem, o essencial da história é que haviam lhe ENSINADO A PENSAR.


Fonte:http://www.acidezmental.com/200512.html

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